sábado, 3 de maio de 2014

Brasil patina no campo tecnológico e na produtividade

Após uma década de contratações, que deixam o país beirando o ‘pleno emprego’, o Brasil precisa encontrar o rumo da produtividade para viabilizar o crescimento econômico. É o que indica um conjunto de estudos divulgado nesta quinta-feira, 5/9, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Entre 2000 e 2009, as taxas de crescimento da produtividade ficaram em média em 1%, ao passo que as taxas de crescimento do PIB per capita alcançaram 2%, 2,5%. A diferença sinaliza ampliação do mercado de trabalho – mas, na prática, é uma forma de indicar que há mais gente produzindo quase a mesma coisa. 
“O que motivou grande parte do crescimento foram maiores taxas de ocupação, ou seja, da inclusão de mais gente no mercado de trabalho. Só que tem uma limitação estrutural para isso. Estamos muito próximos do pleno emprego. Se a gente quiser continuar crescendo, precisamos nos esforçar para ter ganhos de produtividade na economia brasileira”, avalia Luiz Ricardo Cavalcante, do Ipea.
Essa é talvez a principal conclusão do boletim Radar 28, publicado nesta quinta. “Fica claro que o principal fator explicativo do crescimento econômico brasileiro no período recente foi a incorporação de fatores de produção, principalmente o fator trabalho. Como a economia encontra-se com níveis de emprego e taxas de participação historicamente altas, há dificuldades para a continuidade do crescimento sustentado nestes moldes.”
Até porque, o tradicional motor da produtividade, que é a indústria, patinou no período. Foi o setor onde surgiram mais empregos, mas onde a produtividade caiu. Por sinal, as dez maiores quedas de produtividade reúne apenas atividades industriais, tendo que o setor de ‘material eletrônico e equipamentos de comunicações’ o segundo pior desempenho – a queda foi de 6,7% no período, atrás apenas dos 6,9% da indústria de ‘refino de petróleo e coque’. 
Patinar no campo tecnológico é mau negócio para uma nação com ambições como o Brasil. Como lembra um dos estudos do boletim do Ipea, uma pesquisa com 24 setores em 39 países durante o período 1973-1990 concluiu que “países que se especializaram em setores mas avançados tecnologicamente (particularmente eletrônica) apresentaram crescimento de produtividade superior aos demais”.
Em uma comparação com Estados Unidos, China e Coreia do Sul, entre 1960 até 2011, o resultado é desanimador. No período, os EUA avançaram de forma constante, crescendo 50% ao longo do período. A Coreia do Sul apresenta uma expansão relativamente constante, chegando em 2011 com uma produtividade 90% maior que em 1960. E a China, embora estagnada até 1980 teve uma ampliação extremamente rápida e cresceu 177%.
Já a produtividade no Brasil cresceu apenas 23% nos 50 anos mencionados. Vale destacar que os pontos de partida são diferentes – os EUA já eram muito mais produtivos que os demais em 1960. No caso brasileiro, a chamada Produtividade Total dos Fatores era, então, 46% da americana e chegou a atingir 66% em 1976. Desde então, porém, vem caindo consistentemente, chegando em 2011 a apenas 42% da produtividade norte-americana. 
O boletim do Ipea busca abrir um novo campo de estudos de forma a aprofundar essa questão ao ponto de indicar questões-chave para diferentes setores econômicos. “Para entender em cada segmento quais são os determinantes mais importantes para o aumento da produtividade e assim propor políticas públicas mais eficientes. Não adianta propor ‘aumentar a inovação em geral, aumentar a qualificação de mão de obra em geral, por infraestrutura em tudo quanto é canto’, porque os recursos são limitados, não dá para fazer tudo ao mesmo tempo”, conclui Cavalcante. 

Fonte: convergenciadigital.uol.com.br

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